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“Fazei isto em memória de mim”
Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles
Queridas irmãs, queridos irmãos!
O tema proposto para nosso aprofundamento está dentro de um quadro maior que é o Mistério Pascal de Cristo. Esta é a grande referência que fundamenta nossa opção vocacional a partir da Eucaristia que celebramos, adoramos e anunciamos. Encontramos essa afirmação no Projeto de Vida da Agregação do Santíssimo Sacramento, número 7, na Regra de vida da Congregação das Servas do Santíssimo Sacramento, número 25, e na Regra de Vida da Congregação do Santíssimo Sacramento, número 21.
É dentro do contexto da páscoa judaica, um jantar de festa, que Jesus instituiu sua presença eucarística. Celebrar com comida e bebida é próprio de quase todas as culturas e religiões. A grande novidade que Jesus inaugura é identificar-se com o alimento, tornando-se o sustento para a caminhada de libertação de um povo que precisa sair das escravidões: “isto é meu corpo, isto é meu sangue”. No caso do povo judeu, celebrar a Páscoa é fazer a atualização da libertação da escravidão vivida pelos antepassados no Egito. Jesus, sendo um homem judeu, festejava com seus discípulos e discípulas esse acontecimento. Para as primeiras comunidades cristãs, que obedeceram ao mandato de Jesus de “fazer isto em sua memória”, o sentido da libertação é ampliado. Partindo de todos os urgentes e necessários processos de libertação históricos, sociais, políticos, econômicos, ampliamos para o sentido final da existência, que é a libertação do medo da morte. Aqui, encontramos a força para que os cristãos continuem a lutar e a se oferecer para as grandes causas de libertação na história: a partir de Jesus, morto e ressuscitado, o seguidor, a seguidora de Jesus que celebram sua memória, que celebram a Eucaristia, não vivem a experiência da morte como fim, mas participam com Ele, na vida eterna, da vida em plenitude. À luz da espiritualidade eucarística, podemos compreender bem a profundidade das palavras de São Paulo quando afirma, em um momento crucial de sua vida: “para mim, morrer é lucro”.
Vale sempre recordar o sentido de fazer memória. Não temos em português uma palavra única que traduza o sentido de memorial, conforme a compreensão na língua hebraica. O conceito de memória para nossa cultura, em geral, está sempre relacionado com acontecimentos passados que podemos recordar ritualmente. O que expressamos ao soprar uma vela em dias de aniversários, recordando o nascimento ou outras datas significativas, ilustra bem o conceito. Este nosso modo de interpretar tem a ver com nossa compreensão do processo histórico. Quando falamos de futuro, imaginamos algo a nossa frente e o passado, como algo que fica para trás. Numa linguagem corporal, fazemos até a movimentação com as mãos quando falamos do passado, como aquilo que não vemos mais, está atrás de nós. Para o homem e a mulher do mundo bíblico, passado é aquilo que está a sua frente, é aquilo que se pode ver e ser comtemplado. Futuro é aquilo que não se vê e vai sendo desvendado a cada passo dado. É como se fôssemos vivendo e construindo os processos históricos, caminhando de costas. É uma lógica de interpretação diferente da que conhecemos. Recordo essa informação, pois considero que recuperar a forma bíblica de conceber o movimento histórico é fundamental para compreendermos o que Jesus quis dizer ao nos pedir, como seus discípulos e discípulas, para fazermos sua memória. Se não compreendermos este modo contemplativo de olhar a história, podemos cair no ilusionismo de pensar a Eucaristia como alimento para alcançarmos o céu, somente, para chegarmos à eternidade felizes sem nos comprometermos com os desafios históricos.
Normalmente reduzimos, ou melhor dizendo, sintetizamos a expressão do Mistério Pascal do Cristo, celebrado como memorial na Eucaristia, como uma atualização da morte e da ressurreição de Jesus. É de fato esta realidade. Entretanto, quando falamos dessas duas dimensões, morte e ressurreição, damos por seguro que todos e todas recordarão que, antes desses dois eventos, aconteceram a encarnação e a vida histórica, a vida terrestre de Jesus. Sem esse conteúdo da encarnação e da vida pública de Jesus, sua morte e ressurreição perdem sua historicidade e ficam reduzidas a imaginações e fantasias que a fértil mente humana é capaz de criar. Exemplificando: há uma tendência em desassociar a morte de Jesus de sua vida pública, de sua encarnação na periferia da Galileia, de suas opções que foram as causas de sua morte, que foram as razões pelas quais o poder religioso e político dos judeus, em consonância com o poder dominador da época, o Império Romano, executaram Jesus. Uma pessoa em nossa sociedade ou mesmo de nossa convivência que se identifica como cristã e é capaz de aceitar, e por vezes até defender, que a população deve armar-se com revólveres e fuzis, verdadeiramente não conhece nem segue o Jesus anunciado pelos evangelhos. Um discípulo, uma discípula de Jesus jamais pensariam nessa solução, como Pedro tentou expressar-se no momento da captura de Jesus no Horto das Oliveiras e foi repreendido de forma dura pelo Mestre. Assim sendo, quando falamos em celebrar o Memorial da Páscoa do Senhor, em “fazer a memória de Jesus” celebrando a Eucaristia, não podemos jamais dissociar uma vivência celebrativa da vida de Jesus, apresentada nos evangelhos. A liturgia da Palavra, proclamada em cada celebração, nos ajuda sempre a não cairmos num espiritualismo desencarnado.
Para concretizar o que significa fazer essa memória do Senhor, o próprio Jesus utilizou os quatro verbos indicados no tema deste nosso encontro: tomar, agradecer, partir, distribuir. A definição de verbo que conhecemos é: “classe de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de ação, processo ou estado; é a palavra que indica movimento, fenômenos, acontecimentos representados no tempo”. Partindo desta definição do que seja um verbo, compreendemos que, ao utilizar quatro verbos para sinalizar o que Ele quis dizer com o “fazei isto em minha memória”, Jesus nos ajuda a compreender o dinamismo do Mistério Pascal: é uma realidade sempre em movimento. Se tudo o que Deus criou no universo está em movimento e hoje, com o conhecimento que podemos adquirir da física quântica, fica ainda mais fácil compreender a criação como uma realidade nesse constante dinamismo. Certamente, não poderia ser diferente a escolha de Jesus para permanecer no meio de nós, provocando-nos para um caminhar constante, para a realização dos necessários processos de conversão, libertação e mudanças que Ele deseja que realizemos. Estar sempre a caminho é um comportamento que nos identifica como membros da Família de São Pedro Julião Eymard. Esta é uma escolha intencional de Jesus de estar no meio da comunidade, jamais acima dela.
Façamos um exercício a partir desses quatro verbos e identifiquemos momentos da vida de Jesus onde Ele espera que façamos memória de seus comportamentos e ensinamentos. Se não pensarmos a partir de toda a vida de Jesus, podemos contentar-nos com a compreensão de que fazer a memória de Jesus se reduz a um ato celebrativo, um ato ritual. Quando isso acontece, a comunidade cai no grande pecado da idolatria da hóstia, onde a presença ritual de Jesus se torna mais importante do que a presença dele no irmão e na irmã. A pandemia provocada pelo coronavírus nos ajudou a descobrir as riquezas e os limites da Igreja doméstica, onde o fazer a memória de Jesus exige doação, partilha, perdão, acolhida, diariamente.
Tomar: “Jesus tomou o pão em suas mãos” – podemos partir do próprio mistério da encarnação onde Jesus toma a vida humana como sua e nos ensina a qualificá-la como expressão máxima da vontade do Pai. Recordemos as vezes em que Jesus tomou em suas mãos a água, a terra, o barro e realizou o toque em pessoas e realidades, transformando-as e libertando-as.
Agradecer: “Jesus agradeceu ao Pai” – como um homem judeu, Jesus começava o dia agradecendo, repetindo as orações próprias da espiritualidade de seu tempo. Ao perceber que os pobres estavam compreendendo sua mensagem como evangelho, isto é, como boa notícia, Jesus louvou e bendisse o Pai. Em um contexto de profunda comoção diante da morte de Lázaro, o texto evangélico diz que Jesus agradeceu ao Pai a escuta de sua oração.
Partir: “Jesus partiu o pão” – conhecemos as repetidas narrativas do sinal da multiplicação dos pães e dos peixes. Esta ação de partir o pão é o maior ensinamento que Jesus nos deixa como solução para enfrentarmos as grandes desigualdades que assolam a humanidade. Não falta comida. A quantidade de alimentos que as sociedades abastadas jogam no lixo, diariamente, é escandalosa. O que falta é colocarmos essa ação em prática, é exercitarmos esse verbo eucarístico do partir o pão. Jesus nos desconcerta quando o pai misericordioso da parábola, do capítulo 15 do evangelho de Lucas, partiu os bens novamente com os dois filhos. Jesus não usa o critério do mérito, mas da “precisão”, da necessidade e do direito que cada ser humano tem em garantir suas condições de vida com dignidade, o que significa ter moradia, alimentação, saúde, educação, aconchego, lazer, cultura.
Distribuir: “Jesus deu o pão a seus discípulos” – ainda recordando os relatos da multiplicação dos pães, os evangelistas insistem no gesto de Jesus em distribuir ele mesmo os pães e os peixes. Numa visão mais panorâmica da vida de Jesus, recordemos que ele distribuiu atenção, tempo, energia, carinho, conhecimento, espiritualidade, especialmente ao povo sofrido da Galileia.
Portanto, quando Jesus pronuncia esses quatro verbos, no encontro final com seus discípulos e discípulas, no que chamamos de a Última Ceia, está trazendo uma gama de acontecimentos, de realidades, de ensinamentos vividos durante toda sua vida. São verbos que carregam uma densidade que nos ajuda a aprofundar infinitamente o sentido da Eucaristia, como força de vida para nós. O “fazei isto em minha memória” ganha vida, força e nos impulsiona a verdadeiramente entrarmos no dinamismo da Eucaristia que “faz novas todas as coisas”. Aprendi uma expressão em uma conferência de que participei onde a professora repetia muitas vezes: “só o que existe, existe”. Tenho buscado refletir sobre a espiritualidade eucarística a partir desse conceito. A exigência de uma conversão vai-se tornando mais presente e mais urgente. A celebração eucarística, a adoração eucarística e a missão eucarística, se não partirem do concreto da vida de Jesus, podem ficar como belos adornos de uma espiritualidade vazia e alienada.
Padre Eymard foi capaz de entrar nesse dinamismo e perceber a força transformadora dessa presença de Jesus, no sacramento da Eucaristia. Por inúmeras vezes, ele anunciou esse dinamismo como a expressão máxima do Amor de Deus para com a humanidade. Em um momento histórico e eclesial, onde a Eucaristia era considerada como pão para anjos, com sua base aprofundada da Palavra de Deus e sua sensibilidade espiritual, fez uma experiência nova da realidade eucarística e a instituiu na fundação de nossa Família carismática. Os exemplos concretos da vida de Padre Eymard comprovam que esse dinamismo orientava suas opções e ações apostólicas. Recordemos sempre daquele momento em que a França vivia um processo revolucionário e Padre Eymard não foi hostilizado pelos trabalhadores de Lyon. A princípio, vendo um padre que caminhava na rua, queriam jogá-lo no rio, como um daqueles identificados que criavam obstáculos na busca de direitos trabalhistas. Entretanto, eles o reconhecem como um aliado de suas causas. A escolha de começar a Congregação no meio dos pobres, na periferia de Paris, mostra o lugar onde a Família Sacramentina deve ter seus pés fincados, para poder fazer desse lugar teológico um anúncio eucarístico que brota do “fazer isto em memória de mim”.
Quero aqui acentuar um aspecto fundamental para a compreensão deste mistério que estamos aprofundando. Sem um estudo constante da Palavra de Deus, sem uma oração fundamentada nos textos bíblicos e não em devoções criadas, especialmente nos momentos passados quando o povo não tinha acesso à Bíblia, como podemos ter hoje, é impossível aprofundar o que seja o Mistério Eucarístico. Este é o grande ponto de referência da vida de Padre Eymard. Um estudioso diário da Palavra, um homem orante da Palavra foi capaz de fazer essa relação profunda do pão eucarístico e do pão da Palavra. Repito aqui: sem esta base da Sagrada Escritura, transformamos facilmente a Eucaristia em idolatria de uma hóstia, que fica fora da realidade histórica.
Quando aquele que preside uma celebração eucarística está fazendo a preparação das oferendas, em nome da comunidade, tem em suas mãos alimentos: pão e vinho. Na oração da apresentação, rezamos que esses alimentos são fruto da terra e do trabalho humano. Se estivermos em sintonia com a Palavra proclamada, meditada e estudada, ao escutarmos as palavras terra e trabalho, faremos a ligação concreta da realidade da terra e do trabalho de tantas mulheres e homens para que aquele pedaço de pão e aquele pouco de vinho chegassem à mesa eucarística. Às vezes, damos por descartada toda essa imensidão de pessoas que trabalharam para que pudéssemos ter a Eucaristia em nossas mesas. Por isso, a Igreja nos convida a nos associarmos àquele gesto litúrgico, apresentando nosso empenho, nosso trabalho para que o pão e o vinho fossem produzidos. O pão e o vinho, quando chegam às mesas celebrativas, estão marcados pelos suores, sofrimentos, salários mal pagos, enfermidades dos trabalhadores, escravidão de crianças, exploração de mulheres, horas e energias dos que se empenharam nos diferentes níveis de transporte dessas mercadorias. Lembremos que, no modelo social e econômico que vivemos, as mercadorias só existem se tiverem a perspectiva de lucro. Não são criadas e produzidas apenas para satisfazer as necessidades humanas. Este é o pão que estamos apresentando ao Senhor, com uma densidade de inúmeras realidades humanas. É sobre essa realidade que depois, na oração eucarística, invocamos a ação do Espírito Santo, para que tudo seja transformado em mistério da presença do Cristo. Um pedaço de pão e um pouco de vinho marcados pelas situações de sofrimento e morte de tantos e tantas se transformam em alimento para uma comunidade que comunga o Cristo encarnado, morto e ressuscitado. Após as palavras sobre o pão e o vinho na oração eucarística, a invocação do Espírito é sobre a comunidade reunida. Com a força do Espírito Santo, essa comunidade, que irá comungar do pão e do vinho eucaristizados que passaram a ser sinal de vida, se comprometerá em lutar para que a escravidão e a morte sejam eliminadas em nosso meio.
Isto é verdadeiramente fazer a memória do Senhor. Uma celebração que parte da vida concreta da comunidade que, pela ação do Espírito, nos coloca no dinamismo do mistério da Páscoa do Cristo. Entramos, assim, no movimento Pascal vivido por Jesus. A ação revolucionária do Pai, ao ressuscitar Jesus, é sua declaração ao mundo de que seu Filho estava com a razão, isto é, o que seu Filho anunciou e viveu é o que Ele deseja para toda a humanidade. As opções feitas por Jesus devem ser agora as opções dos verdadeiros discípulos e discípulas dele. Recordemos que os torturadores e os assassinos de Jesus agiram em nome de um deus, em nome de uma compreensão religiosa. A ação de ressuscitar Jesus é a negação por parte do Pai desse poder religioso e político a serviço da morte. Essa ação do Pai é a confirmação de que toda a vida de Jesus e sua fidelidade em não negociar com os poderes corruptos de seu tempo é Sua vontade que Ele deseja ver realizada em todos nós, seus filhos e filhas. Compreender que fazer a memória do Senhor implica essa adesão a um projeto transformador é nossa marca vocacional. Nós, sacramentinos, inspirados no testemunho de Padre Eymard, somos hoje a memória viva do mistério da encarnação. Somos, com nossas opções de vida, o anúncio evangélico da fidelidade a esse projeto testemunhado e confirmado pelo Pai quando ressuscita Jesus. É deste lado da história que fomos chamados a estar, celebrando e defendendo a vida em todas suas dimensões.
Para concluir nossa reflexão, quero propor um exercício de espiritualidade numa dimensão mais pessoal. Como deixar-me ser evangelizado em meus comportamentos, opções e atitudes no cotidiano? Gosto da expressão: Precisamos continuamente evangelizar nosso mundo interior que, por vezes, se mostra muito pagão. Evangelizar as profundezes de nosso ser! Uma tarefa a que a espiritualidade eucarística responde com propriedade.
Como exercício prático para viver o “fazei isto em memória de mim”, atualizando as ações de Jesus de Tomar, Agradecer, Partir e Distribuir, podemos seguir o caminho feito por Padre Eymard em seu Grande Retiro de Roma. Foi capaz de ter um olhar profundo e honesto sobre si mesmo e identificar as raízes de seus pecados e limites, daquilo que o impedia de viver de modo mais concreto as riquezas do amor de Deus manifestadas na Eucaristia.
Proponho que meditemos a Ladainha da Humildade!
Antes de apresentá-la, quero refletir sobre o sentido da palavra humildade. Em nossa cultura brasileira, humildade é identificada como um comportamento limitante, empobrecido, de insignificância a ponto de, para não dizer que uma pessoa é pobre, se diz: “Fulano é muito humilde”. Humildade vem da palavra húmus, terra. Com os primeiros pensadores e teólogos cristãos, o termo passou a designar uma virtude, podendo ser identificado no caminho interior de uma pessoa que reconhece suas limitações. Humildade faz parte da mesma família etimológica de humilhar. Aqui entra o risco de perdermos a força da palavra porque, de modo sutil, podemos até qualificar uma pessoa como humilde, mas no fundo estamos caindo no deslize de humilhá-la. Assim sendo, fiquemos apenas com o conceito cristão de humildade, identificado no comportamento de uma pessoa que parte da terra, isto é, parte da realidade, é concreta, é simples e prática.
Num primeiro olhar, ao ler ou escutar essas aclamações da Ladainha da Humildade, pode vir um sentimento ou pensamento de rejeição. Parece mais uma negação da realidade humana diante de tantas teorias atuais de autossuperação, de mentalização de ideias positivas, de exercícios de autoajuda, etc. Passada essa primeira reação, podemos buscar o significado de cada frase, pensando no Mistério da Páscoa vivido por Jesus. Cada uma dessas frases pode ser identificada com uma atitude, um gesto, um comportamento, uma opção de Jesus. Uma vez que chegamos a identificar esse conteúdo com a pessoa do Cristo, podemos, por opção, por nos sentirmos chamados a viver a profundidade desse Mistério eucarístico, acolher e começar a exercitá-lo. O objetivo desta oração é proporcionar o verdadeiro sentimento de libertação que é específico do Mistério Pascal. Somente para recordar: na comemoração da páscoa dos judeus, Jesus estava festejando a libertação da escravidão do Egito. Na páscoa de Jesus, que celebramos cada vez que participamos da Eucaristia, festejamos a libertação de todas as espécies de escravidão humana. Uma das escravidões da cultura ocidental capitalista em que estamos inseridos é este sentimento muito presente na atualidade do egocentrismo, do individualismo, das pessoas se acharem o centro do mundo e das atenções. Este exercício orante pode ajudar a nos sentirmos mais comunidade, mais irmandade com as pessoas diferentes que habitam este mundo e que são filhas muito amadas de Deus. Sabemos o quanto os personalismos têm impedido o mundo, a Igreja, nossas comunidades de crescerem. Com comportamentos desse tipo em nosso meio, o espírito de comunhão, de fraternidade tem pouco espaço e nosso testemunho não encanta outras pessoas, pois podemos impedir tantos e tantas de descobrirem a beleza da vocação eucarística.
Ladainha da humildade
Ó Jesus, manso e humilde de coração, ouve-me.
Do desejo de ser estimado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser amado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser exaltado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser homenageado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser elogiado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser preferido aos outros, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser consultado, livra-me, ó Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser humilhado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser desprezado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de sofrer repreensões, livra-me, ó Jesus.
Por medo de ser caluniado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser esquecido, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser ridicularizado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser injustiçado, livra-me, ó Jesus.
Do medo de ser suspeito, livra-me, ó Jesus.
Que os outros sejam mais amados do que eu,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que os outros sejam mais estimados do que eu,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que, na opinião do mundo, outros possam crescer e eu diminuir,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que outros possam ser escolhidos e eu fique bem em meu próprio lugar,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que outros sejam elogiados e eu passe despercebido,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que outros possam ser preferidos a mim em tudo,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Que os outros se tornem mais santos do que eu, contanto que eu possa tornar-me tão santo quanto devo,
Jesus, concede-me a graça de o desejar.
Amém!
Servo de Deus, Cardeal R. Merry del Val
Secretário de Estado do Papa Pio X
Roma, 19 de outubro de 2020
Padre Eugênio Barbosa Martins sss
Superior Geral